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Foto do escritorEric Borges

Héstia, deusa do fogo, e guardiã do lar, lareira, vida doméstica, família e estado

Também conhecida como Histia (Grego) ou Vesta (Latim).


Héstia é da primeira geração de deuses olimpianos, sendo a filha mais velha de Cronos e Reia, e irmã de Zeus, Quíron, Deméter, Hades, Hera e Poseidon. Existe a dicotomia envolvendo Héstia, pois assim como ela foi a primeira a nascer, também foi a primeira a ser engolida pelo seu pai Cronos, e por isso, foi a última a ser regurgitada pelo mesmo, fazendo assim com que ela seja considerada tanto a mais velha como a mais jovem dos irmãos. Junto com eles, ela fez parte da guerra entre os olimpianos e os titãs, evento no qual Cronos foi derrotado pelos seus filhos, e decapitado pelo líder deles, Zeus.


Através de toda sua mitologia, Héstia recusou as propostas de casamento de Poseidon e Apolo, e jurou a uma virgindade eterna. Ela então rejeitou os valores de Afrodite e se torna, até certo ponto, seu casto, complementar doméstica, ou antítese, já que Afrodite não podia dobrar ou enlaçar seu coração.



Ela é a deusa do fogo e da lareira. Pela posição da lareira dentro das casas, que é justamente no centro do ambiente, ela é considerada a Deusa da casa e do lar, aliás, os gregos antigos acreditavam que o que tornava uma casa em um lar era a presença de uma lareira. Este povo chamava este espaço de omphalós que significava "umbigo do mundo" e havia um lugar chamado "omphalós de Delfos" que era considerado o trono de Héstia e, por isso, a Deusa está associada à vida, pois somente em duas situações que o umbigo era protuberância e não cavidade, que era o umbigo de uma mulher grávida e de um recém-nascido.


Seu culto era feito por toda a Grécia e girava em torno da lareira ou qualquer fonte de fogo, seja dentro de casa ou em espaços públicos, em cidades ou nos seus templos, até mesmo durante o preparo da comida. Geralmente os atos religiosos eram liderados pela matriarca da casa, em segunda opção o patriarca, ou o chefe do estado, ou o sacerdote responsável pelo templo, e eram feitos para abençoar a família ou a comunidade pedindo proteção, harmonia e paz. Se caso a chama sagrada da Deusa fosse apagada, seja por acidente ou negligência, dentro de casa, era sinal de falha de cuidado doméstico ou religioso do responsável; e no templo ou santuário, acreditava-se que era violação do dever para com a comunidade. Em ambos os casos, eram atos extremamente malvistos e desrespeitosos, porém, a chama poderia ser deliberadamente apagada em casos especiais, sendo necessário um novo ritual para que fosse acesa novamente. Mesmo que haja um ritual para alguma outra deidade, as primeiras e últimas oferendas eram sempre feitas à Ela, reflexo do respeito que o povo antigo tinha.


Héstia é de grande importância no monte Olimpo, dada à ela por Zeus a responsabilidade de manter aceso o fogo da lareira olimpiana com as gorduras e porções combustíveis de animais sacrificados aos deuses. Onde quer que comidas fossem cozinhadas ou oferendas queimadas, ela recebia parte da honra. “Dentre os mortais, ela era a chefe das deusas”, frase retirada do Hino Homérico a Afrodite.


O status olímpico de Héstia é ambíguo em relação ao seu status entre os homens. Em Atenas, no tempo de Platão, existe uma discrepância com relação à lista dos doze deuses chefes, algumas fontes a colocando na lista, outras incluindo Dionísio em seu lugar. A omissão de Héstia em algumas listas dos doze olimpianos é às vezes recebida como uma ilustração de sua natureza passiva e sem confrontos - dando seu assento olímpico a Dionísio, ela evita o conflito celestial - mas nenhuma fonte ou mito antigo descreve tal rendição ou remoção. "Como a lareira é imóvel, Héstia não pode participar nem mesmo da procissão dos deuses, muito menos das outras travessuras dos olímpicos", comenta Burkert, um estudioso alemão da mitologia e do culto grego.


Co-autor: Bruno Becker


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